A Galeria Malangatana recebe “Edição de Setembro”, uma exposição coletiva que reúne cinco artistas contemporâneos, propondo uma nova visão sobre a arte fotográfica. Livre de um tema central, a mostra rompe com as convenções tradicionais e apresenta uma estrutura fluida, onde as obras se interligam de forma subtil e inesperada. Cada peça convida o público a explorar novas leituras e interpretações, tecendo um mapa dinâmico de significados. Com trabalhos de Alice F. Martins, Ana Pereira, Jónatas Rodrigues, Júlio Moreno e Manuel Martins, a diversidade e a riqueza da fotografia contemporânea estão em destaque. A entrada é gratuita, e a inauguração será no dia 8 de outubro, às 18h00. Uma oportunidade única para descobrir imagens que desafiam limites e subvertem hierarquias.
Resumo das obras e artistas convidados(as):
Becoming and never being
Manuel Martins
“Becoming and never being”, é não só o excerto da descrição de uma cidade – que há de permanecer anónima – mas também o fio condutor ao qual me fui agarrando ao percorrer esta mesma metrópole que não só se encontra presa no presente mas também no passado e no futuro.
A ciência diz-nos que a relatividade do tempo é um facto, no entanto, na qualidade de seres humanos, a inescapável noção que temos deste é que passa e não volta atrás. Apesar disso, pela sua acumulação e também do saber, por vezes, parecem existir lugares nos quais o presente, o passado e também o futuro aparentam coexistir. De um modo tão tangível quanto o espaço que nos rodeia e que percorremos.
Manuel Martins nasceu em 1992 em Lisboa. É nesta cidade na qual reside e trabalha, no ramo do Turismo. Completou o Curso Avançado de Fotografia no Ar.Co em 2022, tendo sido recipiente das bolsas Fundação Altice Portugal de Formação Artística e Rui Macieira.
Peças Soltas
Júlio Moreno
Estas imagens são peças soltas. Surgiram no âmbito de séries que resultaram de situações tão diversas como um exercício, uma viagem, um teste a equipamento ou meramente da vontade ou do conforto de fotografar. Estas séries cruzaram-se entre si e cruzaram intervalos de tempo – e fases da vida – mais ou menos recentes. Foi nos tempos mais recentes que algumas adquiriram significados distintos das ideias que as originaram, porque a atualidade e a vida não param de nos fazer reinterpretar aquilo que nos rodeia.
Júlio Moreno (Lisboa, 1959) é formado em Engenharia Mecânica pelo Instituto Superior Técnico e em Fotografia pelo Ar.Co – Centro de Arte e Comunicação Visual. Trabalhou quase sempre como gestor de projetos em informática de gestão.
Onda de Pedra
Alice F. Martins
Parte de uma série mais extensa, estas fotografias surgem de reflexão sobre a memória colectiva acerca do Terramoto de Lisboa. Enquanto catástrofe moderna, este evento mudou a forma como é planeada a reconstrução do espaço urbano, tendo em conta a prevenção e redução de riscos na repetição do sismo.
A relação entre as fotografias é irregular e fluida – combina vestígios e ficções, sugerindo um sismo igual ao de 1755, que está para vir e que a cidade espera num estado de semiconsciência.
Alice F. Martins (1992) é natural de Vila Real de Santo António. É formada em Fotografia no Ar.Co e em Ciência Política e Relações Internacionais na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FSCH). Enquanto aluna do Ar.Co recebeu as Bolsas Fundação PT de Formação Artística (2017/2018) e Leonor e António Parreira (2018/2019). Foi também bolseira da Fundação Oriente, que resultou na exposição “Uma Barreira Contra o Pacífico”. Vive e trabalha em Lisboa.
Estratos
Jónatas Rodrigues
Há objetos que, de uma forma muito particular, condensam o presente numa imagem e justapõem tempos diferentes. Olhar para eles é como ver uma fotografia sobreposta. Fotografá-los é uma apropriação. Espero que não levem a mal.
Jónatas Rodrigues nasceu em Setúbal em 1970, cidade onde reside atualmente. Completou o Curso Avançado de Fotografia no Ar.Co em 2020. Trabalha na área das Geociências.
Está tudo ao contrário
Ana Pereira
Em lados opostos nesta exposição o que era negro mostra-se branco e o que se movia vê-se estático.
“Transposições”, projeto no qual objetos inúteis ou, abandonados são fotografados. Na lente o topo fica para baixo, a esquerda aparece à direita. No papel o preto torna-se branco porque a imagem é no final o negativo.
“493”resulta de um projeto de vídeo. A máquina registou 15 fotogramas por segundo de voos batidos. São 9 filmes com um total de 135 segundos e de 2025 fotogramas. De uma escolha de 600 na parede restam apenas 18. São alguns dos rastos, movimentos imobilizados, que um pequeno melro deixa enquanto eu (contra natura) tento que ele faça aquilo que é (naturalmente) suposto fazer, voar.
Ana Pereira nasceu em 1974 em Lisboa onde vive e trabalha. Licenciada em Conservação e Restauro de Pintura e Doutorada em Ciências da Conservação pela Faculdade de Ciências e Tecnologia – Departamento de Conservação e Restauro. Frequentou o curso de Desenho e o Curso Avançado de Artes Visuais do Ar.Co. Recebeu a Bolsa Rui Macieira (2023/2024) enquanto aluna do Ar.Co em Projeto Individual de Fotografia.