É com profundo pesar que a Reitoria e o Conselho de Administração do ISPA comunicam à comunidade académica o falecimento do Professor Doutor Frederico Pereira, figura maior da psicanálise e da psicologia em Portugal, antigo diretor do ISPA e primeiro reitor do Ispa – Instituto Universitário.
Frederico Pereira, nascido em 1951, foi Professor Catedrático, psicanalista titular didata e membro da International Psychoanalytic Association. Foi presidente da Associação Portuguesa de Psicoterapia Psicanalítica (APPSI) e da Secção Portuguesa da International Association for Relational Psychoanalysis and Psychotherapy (IARP-P), tendo contribuído decisivamente para o desenvolvimento da psicanálise e da psicoterapia em Portugal.
Licenciou-se em Psicologia (Psicopatologia) pela Université de Paris-Sorbonne e foi Mestre e Doutor em Antropologia Normal e Patológica pela École des Hautes Études en Sciences Sociales. Obteve o doutoramento em 1978, com a tese Originalité du savoir, originalité du pouvoir chez Philippe Pinel. Ao longo da carreira, foi professor convidado em diversas universidades estrangeiras, entre elas Pequim, Nanjing, Provence, Paris VII, Paris X, Tilburg e Porto Alegre.
No ISPA – Instituto Superior de Psicologia Aplicada, foi diretor entre 1985 e 2009 e tornou-se o primeiro reitor do Ispa – Instituto Universitário em 2009, funções que manteve até 2010. Desempenhou um papel fundamental no estabelecimento do Ispa como uma escola de referência do ensino superior português e foi professor de várias cadeiras entre as quais, Introdução à Psicologia e Psicopatologia da Criança e do Adolescente.
Teve intensa atividade editorial e científica: foi diretor da revista Análise Psicológica, um dos fundadores do European Journal of Psychology of Education, editor de Literature and Psychoanalysis, codiretor da Gradiva: Revue Europeene d’Anthropologie Litteraire e membro da Direção da European Association for Research on Learning and Instruction.. Publicou numerosos artigos e foi conferencista internacional sobre psicanálise e psicologia. Entre os seus livros destacaram-se “Finalmente chegou a primavera ou uma história de Penélope” e “Sonhar ainda: do sonho-desejo-realizado ao sonho emblemático”. Foi, ainda, revisor científico do livro “Pensar o somático: imaginário e patologia”, do psicanalista egípcio radicado em França, Sami-Ali.
Em 2002, tornou-se presidente da Sociedade Portuguesa de Psicanálise. Deixou um legado académico, clínico e institucional que marcou gerações de estudantes, colegas e leitores, e uma obra que continuou a inspirar a reflexão sobre a psicologia e a psicanálise no país e fora dele.
À família, amigos e colegas endereçamos as nossas mais sentidas condolências, lembrando o seu notável percurso e legado.