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Investigadores do MARE-Ispa devolvem cavalos-marinhos ao estuário do Sado

19 de Julho, 2022

Os Investigadores do MARE-Ispa realizaram um estudo sobre o efeito do aquecimento do oceano no comportamento e fisiologia do cavalo-marinho-de-focinho-comprido, Hippocampus guttulatus, e os resultados preliminares indicam que a exposição a temperaturas elevadas (que excedem a temperatura máxima que a espécie encontra no seu habitat) poderão implicar elevados custos energéticos e uma diminuição da sua condição corporal.

Depois de uma estadia temporária no Biotério de Organismos Aquáticos do Ispa, para um estudo sobre o efeito das alterações climáticas, os cavalos-marinhos serão devolvidos ao seu meio natural.

A devolução de cavalos-marinhos ao estuário do Sado irá decorrer com o apoio da Reserva Natural do Estuário do Sado – Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), amanhã, às 14h00 horas, em Sol-Tróia.

“Apesar dos cavalos-marinhos terem resiliência térmica e capacidade de adaptação a curto prazo, o gasto de energia que a exposição a temperaturas mais elevadas pode acarretar, a médio-longo prazo, poderá trazer consequências ao nível do crescimento e sobrevivência da espécie”, explica a investigadora do MARE-Ispa, Ana Margarida Faria, coordenadora do estudo.

“Os indivíduos expostos às temperaturas mais elevadas revelaram maior atividade e maior ingestão de alimento, no entanto, este aporte energético extra não foi suficiente para suprir as necessidades provocadas pelo stress térmico, tendo-se observado a perda de peso nestes casais”, refere Miguel Correia, investigador do MARE-Ispa e da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN [SPS SG]).

Em condições laboratoriais controladas, casais desta espécie foram expostos a temperaturas mais elevadas que simulam o efeito provocado pelas alterações climáticas previstas para o final deste século.

Estes cavalos-marinhos são provenientes do estuário do Sado, um dos maiores estuários e hotspots de biodiversidade da Europa, onde foi detetada uma comunidade populacional de cavalos-marinhos de duas espécies, o cavalo-marinho-de-focinho-comprido Hippocampus guttulatus e o cavalo-marinho-comum H. hippocampus. No entanto, pouco se sabe sobre a sua distribuição, abundância, densidade, diversidade, ameaças ou a sua relação com o habitat. Em Portugal, as populações da Ria Formosa são as mais estudadas, e na última década sofreram uma redução na ordem dos 90%.

Estas espécies, assim como o seu habitat preferencial (pradarias de ervas-marinhas), estão ameaçadas e protegidas por leis nacionais e internacionais, pelo que é de crítica importância aumentar o conhecimento científico sobre estas espécies prioritárias para a conservação.

O investigador do MARE-Ispa Gonçalo Silva reforça que “é absolutamente urgente e fundamental recolher dados científicos sobre os cavalos-marinhos no estuário do Sado, para que se possam tomar decisões e aplicar medidas de mitigação e de conservação, com base científica. Para além da necessidade de conservação destas espécies que estão em perigo, o seu carisma perante a sociedade faz delas espécies-bandeira, usadas em ações de sensibilização e de conservação da biodiversidade marinha, gerando um efeito positivo como um todo”.

Conheça este projeto:

MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente

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